sábado, 21 de novembro de 2009

Screw (the) Cork


H
á muito que se falava desta mudança. Noutros países produtores de vinho, a famosa "screw-cap" é já tão ou mais normal do que a rolha de cortiça.


Em Portugal o produto já não é propriamente novo.


Já se viam aqui e ali garrafas com seladores de gargalo distintos da rolha de cortiça. Timidamente a "rolha de enroscar" foi-se impondo em algumas marcas e outras houve até que chegaram a optar pela horrorosa rolha sintética...


Para infortúnio dos corticeiros portugueses, também as marcas nacionais estão a optar pela "s
crew-cap".

Se a moda pega a todos, a indústria corticeira perderá o seu maior e mais lucrativo mercado... Há anos que ando a lutar contra o inevitável.
Apresentam a rolha de cortiça como o produto natural em oposição ao alumínio; Mostram como o acto de abrir uma garrafa com um saca-rolhas é acima de tudo um ritual; Afirmam que o vinho guarda a sua essência apenas quando selado pela cortiça...
Chegaram mesmo há uns anos, quando a "Screw-cap" começou a invadir os mercados internacionais, a patrocinar investigações científicas que provassem que a cortiça tem poderes anti-cancerígenos...

Uuuuiii e se o tivessem conseguido... Acabar-se-iam os problemas!
A indústria corticeira continuaria a fazer dinheiro para os bons e os maus (e os muito maus) negócios.




M
as não foi o que aconteceu.





Pelo que sei, a investigação não conseguiu ligar nenhuma propriedade anti-cancerígena à cortiça.


O preço baixo da screw-cap ganha terreno, mesmo em Portugal, e a indústria portuguesa mais rentável terá ainda mais problemas em lutar com a concorrência do que até agora...


Eu acho que o sacar da rolha de cortiça, a passagem do vinho para um recipiente de vidro, o deixar o vinho respirar e depois bebê-lo calmamente é um ritual.

Mas por outro lado, quem é que já não se viu com uma garrafa, ansioso por abri-la e sem um saca-rolhas à vista...


No futuro talvez a rolha de cortiça só signifique uma coisa: vinho bom e caro.
O ritual vai começar na compra da garrafa, na sua abertura e terminará nos efeitos da sua degustação.
Ritual esse que não estará ao alcance de qualquer um...
Ritual esse que vai enterrar a maior indústria do nosso país.

3 comentários:

Edgar V. Novo disse...

Eu, que sou um tradicionalista, dificilmente me deixarei convencer por rolhas que não de cortiça.

E penso aliás que nenhuma produtora de vinho com juízo, ou seja, com vinho de gama média-alta (de 3.5 € para cima), vá adaptar-se a estas novas rolhas.

Taxi Driver disse...

A verdade é que com a diferença de preços entre os dois, não sei não...

Mas concordo, desenroscar uma rolha de uma garrafa de vinho não tem nada a ver com aquele barulhinho da rolha a sair do gargalo...

O tradicional (neste caso) é sempre melhor! ;)

margarida disse...

Eu digo: Screw the screw-cap!
Rolhas de cortiça? Até com garfos se tiram!
Espero que os produtores não caiam nesta, pelo menos todos. Os que vendem zurrapa caem, claro, é mais barato. São os mesmos que vendem vinho em embalagens que parecem pacotes de leite.
Vinho é vinho, vinho é com rolha de cortiça! Tudo o que não for assim não é bem vinho, é parecido...

Beijos taxista!