sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Semântica


Foi publicada uma biografia escrita pela jornalista Pilar Urbano sobre a Rainha Sofia de Espanha. O livro tem suscitado muito burburinho, sobretudo nos conselheiros monárquicos porque, ao que parece os "... reis têm direito à opinião, mas não a manifestá-la". E no documento, as opiniões da Rainha tocaram assuntos delicados como a eutanásia, a abdicação do trono por parte do Rei para o Príncipe herdeiro e outras...

Uma dessas outras causou revolta às associações gays e lésbicas espanholas.
"Posso compreender [...] que haja pessoas com outra tendência sexual, mas porque se sentem orgulhosos?"

Eu estou-me marimbando para o que dizem Reis e Rainhas desta ou doutras penínsulas, mas a verdade é que este comentário "polémico" tem algo que se lhe diga.

Naturalmente, que os gays entenderam o comentário como: "Entendo que sejam gays, mas não devia ser motivo de orgulho." - Ou porque é anti-natura, porque deviam ser hetero mas eles é que sabem, ou qualquer outra parvoíce.

Mas o mesmo comentário poderia ser feito, exactamente com as mesmas palavras, mas por uma razão completamente diferente: "Entendo que sejam gays. Mas orgulho porquê? Afinal não estamos a falar de pessoas e dos gajos ou as gajas que eles gostam de comer? Não estamos apenas a falar do que esta gente faz na intimidade?"

Afinal ser gay é o quê, senão um detalhe sobre quem gostas de foder*...?

* Ok, podia ter usado "ter sexo" ou "fazer amor", é verdade. Não quero estar aqui a ferir susceptibilidades. Mas, ei! É conversa de taxista... dêem lá o desconto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande texto, eu tinha pensado o mesmo.
No mundo onde os gays gostariam (acho) de viver, não precisaria de haver nenhum motivo de orgulho, da mesma forma que um hetero não sente orgulho de gostar do que gosta. Só gosta, é tudo... mas vindo de quem vem... hummmmm

Fiódor disse...

em cheio, de repente encontra-se a síntese do que passámos a vida a tartamudear, nem mais, nem menos, assunto arrumado, next!