quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


Quando li este lead de uma pequena notícia do jornal Global Notícias, que me é todos os dias oferecido no transporte para o trabalho (não pelos habituais distribuidores dos periódicos gratuitos, mas por um senhor que partilha o comboio* comigo e todos os dias me dá o jornal dele) não estava preparado para o que vinha escrito em seguida.

Em primeiro lugar não pensei que o a mudança de nome da Amadora fosse de tal forma relevante que merecesse ser assinalado. A maioria das cidades teve nomes diferentes na história que foram evoluindo para as denominações actuais, mas sem nada de especial a assinalar, tirando o facto de muitas delas selarem alguma historia do nascimento ou evolução das cidades.

Ora, no caso da Amadora, não foi propriamente um marco histórico que levou à troca do nome da cidade. Como dizia a própria notícia tratou-se de uma troca para “uma denominação mais harmónica como asseio e aformoseamento” e isto porque o nome original da cidade era nada mais, nada menos do que PORCALHOTA!!!!

O nome resultou de um topónimo que a tradição oral atribui ao apelido de Vasco Porcalho, comendador-mor da Ordem de Avis e protagonista da Batalha de Aljubarrota.” Foi mais tarde o Rei D. Carlos que procedeu à troca do nome pelo usual Amadora...

Para quem diz que os jornais gratuitos não são fonte de informação (e naturalmente para quem não estava a par deste facto) aqui fica: e esta hein?

Parabéns pelos cem anos de novo nome da Porcalhota! ;)


*Sim, é verdade! Eu sou um taxista que viaja de comboio. I'm not proud of it, but it's true...

domingo, 27 de janeiro de 2008

Because laughter is underrated

"(...)
- Sei que me pode ajudar a ter uma hora de conversa agradável - disse
- Claro que sim, simpático. Desejas alguma coisa em concreto?
- Gostaria de discutir Melville.
(...)
- Em quanto ficaria?
- Cinquenta, talvez cem por Melville. Que dizes a uma discussão comparada, Melville e Hawthorne? Poderia arranjar-te isso por cem.
- Acho que está bem. (...)
- Preferes loura ou morena?
- Faz-me uma surpresa- disse-lhe e desliguei.

(...)
Não havia dúvida que sabiam apelar para a fantasia de uma pessoa. Cabelo comprido solto, bolsa de cabedal, brincos de prata, sem maquilhagem.
(...)
Acendeu um cigarro e foi directa ao assunto,
- Creio que poderás começar considerando Billy Budd uma justificação melvilliana dos caminhos de Deus em relação ao homem, n'est-ce pas?
(...)
Deixei-a continuar. Mal teria dezanove anos mas mostrava possuir já a ductilidade calejada do pseudo-intelectual. Expunha as ideias com lábia, mas no fundo era tudo mecânico. Cada vez que lhe oferecia uma ideia, fingia prazer:
- Oh Kaiser. Sim, borracho, isso é profundo. Uma compreensão platónica do cristianismo... como é que eu não vi isso antes?

Falámos durante cerca de uma hora e então disse-me que tinha que ir embora. Levantou-se e eu passei-lhe uma nota de cem para as mãos.
(...)
Era a altura de começar a apertar as tarraxas, Saquei da minha insígnia de investigador privado e informei-a de que tinha caído numa cilada.
- O quê?
- Sou chui, doçura, e discutir Melville a dinheiro é um oitocentos e dois. Vai ser uma boa temporada.
- Sabujo (...)"
:)
Boa semana!

domingo, 20 de janeiro de 2008

Social class or no Class

A História prova-nos que o poder/influência/dinheiro esteve, na maioria das vezes, nas mãos erradas.

Dos Reis sanguinários, com os seus planos de expansão a todo custo, até à Idade das Trevas, com a Igreja a condenar génios apenas porque estes nasciam em berços pouco previligiados e porque pensavam de maneira diferente.

Mas a História também nos tem provado que não é o berço, nível de instrução ou os bens materiais que ditam tudo.


Leonardo da Vinci é um bom exemplo. Sem instrução, cresceu para se tornar um dos maiores génios (senão O maior génio) de sempre. Para também ele, ser limitado e a sua genialidade subaproveitada, por estes preconceitos.

Se a História não ensinasse nada a ninguém, pouco ou nada teria mudado.

Felizmente, o conhecimento é aberto e a informação está cada vez mais ao alcance de todos.
As massas, essa denominação tantas vezes usada de forma pejorativa, pode agora tomar decisões... take matters into its own hands!


Mas, como também a História nos ensina, há quem saiba usar os privilégios do conhecimento e também quem nunca aprenderá.


Numa era de liberdade, vamos aprender a viver e deixar viver.


É o que a História espera que tenhamos aprendido.

Post dedicado a quem procura diariamente, ser mais tolerante (com as massas e com as elites)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Portugal dos Pequeninhos...

Dentro de portas deste táxi, os passageiros já estão habituados a uma conversa: publicidade. Desde “completamente idiota” aos “apenas parvos”.

Mas desta vez, a história é outra, ou devo dizer, o anúncio é outro.

De há uns anos para cá, a empresa detentora da Azeite Gallo tem-nos verdadeiramente prendado com uma série de anúncios que primam pelo bom gosto. Desde o som dos cânticos alentejanos, às imagens do que mais típico há em ser português.

O último lançado é talvez o melhor!

“Tirem-me a vista.

Tirem-me para sempre a luz de Lisboa, tirem-me as encostas do Douro, o Tejo e o Alentejo, tirem-me a calçada dos passeios e os azulejos de parede.

Tirem-me o ouvido.

Tirem-me para sempre o choro da guitarra e o pranto do fadista, tirem-me os pregões das mulheres do bulhão e a pronúncia de norte a sul, tirem-me a fúria de espuma das ondas e o grito do golo.

Tirem-me o tacto.

Tirem-me para sempre o sol de Inverno a bater na cara, tirem-me o barro a ganhar forma entre os dedos, tirem-me o rosto queimado da minha mãe e a mão áspera do meu pai.

Tirem-me tudo isto, mas não me tirem o gosto.

Porque se eu ainda for capaz de saborear a alheira a rebentar de sabor, ou o bacalhau com todos a nadar em azeite, serei capaz de dizer, se não me tirarem a fala, que estou em Portugal.”


Os costumes, os sons da natureza marítima, as vozes e os sotaques das gentes... a gastronomia.

Portugal, verdadeiramente Portugal!

Este cantinho plantado à beira-mar, que bem vistas as coisas, é na verdade um sítio bem agradável de visitar.

Ora, este anúncio não podia deixar de me tocar, dada a minha indignação em relação às campanhas deste governo para incentivar o turismo em Portugal.

Depois do (felizmente) falhado “Allgarve”, criou-se mais uma a este nível:

A fronha de Mourinho, Cristiano “Rolando” e Mááááriza!

Confesso que a Mááárisa não me incomoda por aí além. O fado é tuga, o fado é único e o povo não pode com as saudades da Amália.

Mas Mourinho? Cristiano Ronaldo? Porquê?!

“Venha à terra do Special One”? É o melhor que esta gente consegue para aliciar turistas?!

É triste. É muito triste.

Venha o Azeite Gallo. Coloquem o Galo (não o de Barcelos p.f.) a cobrir a estação de S. Bento (blasfémia!!!) mas não as trombas taciturnas do Mourinho.

Falem do sotaque nortenho, do mar algarvio, do bacalhau com todos e dos pastéis de belém. Podem até falar do fado, mas não falem da bola!

Bem dizia Pulido Valente há umas semanas na habitual crónica do Público, que faz lembrar lemas de outros tempos.

E de facto, para:

“Fátima, Fado e Futebol! Visite Portugal”

Pouco falta...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

sábado, 5 de janeiro de 2008


A nova lei do tabaco tem feito correr muita tinta e ainda só estamos a dia 5 de Janeiro.

Como bons portugueses que somos, lançamos leis pouco estruturadas e à medida que as infracções são cometidas e as multadas passadas, lá as vamos ajustando.

A cereja no topo do bolo foi a fotografia de António Nunes, presidente da ASAE, a cometer o terrível delito de fumar um cigarro depois da meia-noite de dia 1 de Janeiro. Falha essa que já é conhecida além fronteiras.

Sobre este caso falta dizer uma coisa que tomo a liberdade de fazer: Puta-que-pariu o status!

Qualquer pessoa normal assumiria ter fumado naquela situação porque - como para qualquer folião que se encontrava no Casino Estoril a celebrar a passagem do ano - a lei não exigia que todos os cigarros fossem apagados às 23h59 de dia 31...

Contudo, os cães-de-guarda saltaram imediatamente à defesa do poderoso e, neste momento, já não sabemos se a lei específica dos casinos choca com a nova lei do tabaco; se os casinos são considerados locais de diversão ou o caralho...
Ainda assim, a lei entrou em vigor e este está a ser o primeiro fim-de-semana officially smoke-free! E já se notam as diferenças:

Nos locais lotados onde habitualmente não se conseguiam ver as pessoas, neste momento está livre de "nevoeiro"; Respira-se melhor e os locais de diversão nocturna (cafés e bares) têm agora mais ambiente com os "ajuntamentos" à porta. O "conbíbio" intensificou-se dando vida aos tascos.

Mas não são apenas os não-fumadores (ou os que pretendem sê-lo em breve) que estão satisfeitos! Há um grupo de fumadores que está definitivamente feliz com a nova lei: os fumadores de substâncias ilícitas.

Acabou-se o estigma do mau-aspecto de se encontrarem "isolados" no exterior e o fumar tornou-se para todos um acto social.

Melhor mesmo era a lei ter entrado em vigor dia 1 de Julho... Seria más agradable non?

terça-feira, 1 de janeiro de 2008


Durante doze segundos as possibilidades são infinitas.

Comem-se passas empurradas por champagne e pedem-se doze desejos. Porque um novo ano começa. Porque hoje já é Janeiro e tudo pode acontecer até próximo dia 31 de Dezembro.


É um capítulo que se encerra.

Um ano de casos de polícia por resolver...

Um ano de cursos mal tirados e mal explicados...

Um ano de menos serviços, mas mais impostos...

Um ano da presidência Portuguesa da União Europeia.


Este foi para muitos o acontecimento do ano. E o mais marcante talvez por ter estado tanto em voga e por ter terminado precisamente ontem, dia 31 de Dezembro.

Luís Amado (esse grande ministro) entregou a bandeira da UE ao ministro dos negócios estrangeiros da Eslovénia num dia de sol no Funchal.

Não há nada como partir para a Madeira dia 31. Resolver umas questõezitas políticas durante a manhã e à noite - bem, já que cá estamos - usufruir de um reveillon de luxo...


Aaaahh, a vida de político é dura...

Mais uma passa... Mais um gole... Lá vão doze.

But some things will never change...


Feliz ano de 2008!