quarta-feira, 18 de março de 2009

No God, No Guilt


"O problema da SIDA não se resolve com preservativos, aliás até o agrava!"
Comentário de Ratzinger na sua primeira visita oficial a África. O continente onde o flagelo da SIDA é maior e o mais grave.

O papa é o melhor lembrete do quanto é que a religião nos faz parecer ridículos como espécie.

14 comentários:

Anónimo disse...

agora a sério, o senhor Rato tem razão!

a melhor maneira de acabar com a sida em África é acabar com os preservativos... e com os africanos!

(a keyword é biligon)

rps disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rps disse...

Sr. Taxista, desculpe que lhe diga, mas disparate é a paranóia anti-Igreja por causa dos preservativos.

Acha que alguém - europeu ou africano, rico ou pobre, branco ou preto, hetero ou bicha ou bi - anda por aí a pinar sem preservativo porque o Papa assim o defende?

Se o Papa, amanhã, disser:

Brüder: Gott segnet die Kondome. Benutzen Sie sie bis die Abführung!

(algo que o babelfish traduz para - Brothers: God blesses the condoms. Use them until the exhaustion!)

acha que os índices da SIDA baixam?

Se o preservativo resolvesse o problema à escala mundial, ele já estaria resolvido porque os preservativos chegam a todo o mundo e estão à disposição de toda a gente.

Não tenho experiência própria, mas li, há já uns anos, numa reportagem sobre prostituição nas ruas de Lisboa, que prostitutas em determinado local faziam dois preços: com e sem camisinha. O mais caro era sem e era o preço mais procurado.
Vai-me dizer que a culpa era do malalandro do JP II, que antecedeu este malandro que está lá agora?

Taxi Driver disse...

A igreja católica defende o sexo para fins reprodutivos. O papa nunca defenderá o uso do preservativo. Vai contra os objectivos.
Agora, chegar ao ponto de dizer que até agrava o problema... É uma besta.

É um gajo importante. Todo o Mundo pára para as suas visitas e as suas palavras (como estas) são notícia. Somos umas bestas.

Quanto à prostitutas lisboetas, não preciso de te lembrar RPS que quem chega ao ponto de prostituir-se, está disposto a ultrapassar muitos limites. Mesmo quando um velho nojento lhe diz que "é limpo" e não quer fazer com preservativo. Se uma não concorda, outra mais desesperada, concordará.

Conclusão, a D. Maria descobre numa ida ao médico que está infectada com uma doença que nem compreende, só ouve falar na televisão. Porquê? Porque o marido vai às putas. Um número significativo de infectados contam a mesma história.

Quanto aos preservativos estarem acessíveis a toda agente... Não brinques comigo!
Os que se distribuem gratuitamente então é que não estão acessíveis a todos, sobretudo aos países onde a epidemia é mais grave. E onde toda a cultura se baseia em crenças religiosas que nada ajudam ao seu controlo.

"Sua Santidade o Papa" como se ouve diariamente na tv, e as outras personalidades religiosas, são um símbolo da nossa mediocridade como espécie.

É isto que digo, que defendo e que assumo.

DomingonoMundo disse...

RPS,

Não há (infelizmente) nenhuma paranóia anti-igreja, por esta ou por outra aberração a que já nos habituou. O que há, ao contrário, é o reconhecimento de que uma instituição como a igreja tem uma missão importante na orientação da vida de milhões, seja no que toca a atitudes ou na formação de mentalidades. Por outro lado, tenho a CERTEZA de que se o papa Rotweiler afirmasse o tal "God blesses the condoms", os índices da Sida baixavam em muitas regiões do mundo. Não tenhas dúvidas nenhumas quanto a isso.

António Conceição disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Conceição disse...

Esta discussão parece envolver duas discussões distintas: uma sobre o que devem fazer os católicos e outra, anterior, sobre quem é que tem legitimidade para dizer o que é que é ser católico.
O velho Ayatolah Komeini recomendava que, depois de defecar, uma pessoa devia limpar o rabo com um pau ou com uma pedra. Nunca com papel higiénico. A recomendação parecia-me completamente absurda, mas nunca me incomodou. O Ayatolah falava para os xiitas e os xiitas que fizessem o que lhes apetecesse. Eu, que não era (nem sou), xiita sentia-me (e sinto-me) à vontade para continuar a a usar as folhas luxuosas da "renova" ou as outras mais populares da "sou", a marca branca do "Continente".
Ora, é suposto que o Papa, quando fala, fale para os católicos, tipos que só têm relações sexuais depois do casamento e, depois do casamento, apenas dentro do casamento. E, com estes pressupostos (aqueles a partir dos quais, certamente, o Papa fala), a Sida não é um problema que se resolva com preservativos.
O que se passa é que - sem que se perceba bem porquê - há uma carrada enorme de tipos que usa preservativos, que fornica fora do casamento, que defende o divórcio, e o aborto e a eutanásia, que jura que não há diabo, nem inferno, nem pecado, que sustenta praticamente tudo o que a Igreja Católica nega e nega quase tudo o que a Igreja Católica sustenta e que, apesar disso, sem ponta de nexo, se diz católica se arroga o direito de dizer o que é que é ser católico e, em consequência, a legitimidade de dar palpites sobre o que é que o Papa deve dizer ou deixar de dizer aos católicos.
É como se eu dissesse: não sou muçulmano, não acredito em Alá, Maomé não passou de um bronco alucinado, o Corão é uma colectânea de disparates, mas, como muçulmano exemplar que sou, acho que se devia poder entrar calçado nas Mesquitas e as mulheres, se lhes apetecesse, de mini-saia e top sem alças.
Um absurdo.

DomingonoMundo disse...

Ó Funes,

Se os católicos fossem (unicamente) como descreve e na via única que sugere, o S. Agostinho arderia na pira do inferno, num caldeirão temperado pelo S. Tomás de Aquino e pelo S. Boaventura. Lembrar a pluralidade dentro das religiões é uma evidência e recordar a missão social de todas as instituições humanas, mormente da Igreja, é uma banalidade... A Igreja é criticável à luz de muitos preceitos, inclusivamente católicos, sem qualquer contradição!

António Conceição disse...

Meu caro Domingnomundo, o que diz é verdade, mas só até ao dogma.
Eu posso ser católico e não acreditar no fenómeno de Fátima, por exemplo. Fátima não é dogma. Mas não creio que qlaguém se possa dizer católico e, ao mesmo tempo, possa negar o inferno. O que se passa é a esmagadora maioria dos tipos que protestam contra as declarações do Papa não são assumidamente católicos e os que se dizem católicos não acreditam, de facto, em dogmas fundamentais da Igreja Católica.

DomingonoMundo disse...

Se a maioria dos tipos que protestam não são católicos, o seu protesto vai contra a opinião do papa (e do todo da Igreja) e de seus efeitos sociais - não há absurdo nisto; se são católicos e criticam dogmas tidos como fundamentais, estão ao lado de outros católicos firmes e assumidos como Galileu, G. Bruno ou... João Paulo II (salvaguardando as devidas diferenças). A crítica à posição do papa é, então, perfeitamente legítima e compatível com qualquer dos posicionamentos.

António Conceição disse...

Sim, do ponto de vista que refere, tem toda a razão domingonomundo. Mas então a crítica deve ser dirigida contra o catolicismo e não contra o que o Papa diz.
Vejamos, num exemplo paralelo: eu tenho toda a legitimidade do mundo para dizer que o vegetarianismo é (como estou convencido que é) uma perfeita estupidez. Mas não tenho legitimidade nenhuma para dizer que os vegetarianos deviam comer carne.
Do mesmo modo, as pessoas devem ter toda a liberdade do mundo para dizer que o catolicismo é (como é) uma patetice. Mas não para dizer o que é que o chefe dos patetas católicos deve dizer aos seus fiéis patetas.

Amil Neila disse...

Nunca vi Funes tão ao lado, até incomoda. Se calhar, meu caro, trocou hoje a groselha pelo absinto que lhe tolda o discernimento.
Não há aqui duas questões e, embora não tenha sido eu a escrever o post, parece-me evidente que há apenas uma: um chefe de estado, líder de uma religião com uma das mais numerosas massas de crentes do mundo influencia, com uma opinião que poderia ter mantido calada, os actos de algumas missões dessa mesma religião que têm como um dos objectivos defender a vida e ajudar as populações.
É claro que eu me cago redondamente no que diz o papa e digo sem problemas "sua santidade" é tão filho da puta como qualquer um de nós, mas a verdade é que ele é um embaixador e uma voz ouvida por todos, sejam exegetas rodados ou simplórios com a comunhão solene.
E, com isto, tem que se ter cuidado.
Muito mal comparadinho, seria Pinto da Costa (o papa) dizer antes de um jogo na luz que deveríamos partir e incendiar aquilo tudo. Não sendo amante de futebol ou sendo-o, não sendo portista, não teria o direito de o criticar?

rps disse...

Acabo de ver um exemplo eloquente no telejornal da RTP.
O repórter ouve, em Luanda, jovens católicos que aguardam pelo Papa. Questiona-os sobre a questão dos preservativos. Um tipo - católico - diz que "é um bom conselho", mas não o segue. Uma sujeita - católica - discorda do Papa (que aguarda, ansiosa) porque o preservativo, além de evitar "a SIDA, evita as gravidezes indejesáveis".

Diga o Papa o que disser, estes continuarão a usar camisinha e, nos suburbios de Joanesburgo, nas esquinas de Lisboa ou do Porto, nos lupanares de Banguecoque ou lá onde seja, nas empresas, nas vizinhanças, muitos continuarão a não usar, apesar de tão informados quanto os outros.


Para o Alien Lima
Dizes: "influencia os actos de algumas missões dessa mesma religião que têm como um dos objectivos defender a vida e ajudar as populações".

Isso é verdade. Evitar-se-iam alguns casos, muitoscasos, milhões de casos. Nunca resolveria o problema nem o diminuiria drasticamente porque milhões continuarão a aparecer.

E, tanto quanto já li por aí, desde há largo tempo, há missões dessa religião do gajo de branco que distribuem preservativos às populações. Cagam no que diz o chefe.
O que o chefe diz, mesmo quando está certo, não tem demasiada importância.

Amil Neila disse...

Um caso chegaria, rps