Escritos na pedra

Foda-se, atenção!

Eu um dia vou poder dizer: Eu sobrevivi à crise de 09!

Homo-Stupidus

Mad Men é uma nova série americana de grande êxito.
A acção gira em volta de uma agência de publicidade dos dourados anos 60.
Para além do enredo de relações, a série foca os comportamentos daquela altura que muitas vezes eram assim, porque era the american way of life...

Praticamente todos os personagens fumam (coisa inédita on screen actualmente) inclusivamente as grávidas, bebem wisky durante todo o dia, mais ou menos como café hoje em dia e as meninas ou são secretárias (career woman) ou são felizes housewifes.

Estes comportamentos e outros contrastam naturalmente com a actualidade, levando-nos a pensar em como é que foi necessário educar o povo para que certos hábitos inteligentes fossem adoptados.

Lembro-me de uma cena em que a família do personagem principal vai fazer um pic-nic num belo parque natural.
Ele termina a sua cerveja, puxa o braço atrás e atira a lata para longe, enquanto a sua bela e culta mulher, pega na toalha onde estão restos de comida e papeis vários, e os sacode vigorosamente para cima da relva. Dobram a toalhinha, pegam na arca frigorífica e metem tudo no seu Cadillac, arrancando alegremente.

Scary no?

40 e tal anos depois, isto parece-nos incrível. Sobretudo as questões ambientais. É impensável que façamos o mesmo.
Hoje reciclamos, levamos todo o lixo dos nossos pic-nics e insultamos quem não faça o mesmo.
Hoje somos muito mais conscientes e evoluídos, certo?

Bem, espero que daqui a 40 anos não estejamos a ser apelidados de ignorantes e inconscientes quando virem imagens dos nossos astronautas a atirarem lixo para a atmosfera.
Ou quando se aperceberem que durante anos não pensamos em recolher os satélites que estavam em fim de vida deixando em órbita uma autêntica lixeira a "espaço aberto".

Claro que as coisas se destroem ao entrar na atmosfera...
Claro que no espaço não há nenhum sistema que devemos manter equilibrado...
Claro que temos que o fazer assim, é o way of life do séc. XXI...

Hummmm...

No God, No Guilt

"O problema da SIDA não se resolve com preservativos, aliás até o agrava!"

Comentário de Ratzinger na sua primeira visita oficial a África. O continente onde o flagelo da SIDA é maior e o mais grave.

O papa é o melhor lembrete do quanto é que a religião nos faz parecer ridículos como espécie.

Barrigada...

Qual a diferença entre ir a um sushi em Portugal e na França?
Na França podes ir com fome...

Democracias

José Eduardo dos Santos visitou Portugal.
O nosso Aníbal bajulou o Presidente Angolano dizendo o quanto é que Angola é um país amigo e as relações-amigas são para preservar...
Nem parece que ainda no outro dia tivemos o caso das cartas de condução, em que tugas e angolanos não puderam conduzir em Angola e Portugal respectivamente, porque alguém descobriu a falta de acordo.
Quem ouvir até pensa que para um angolano, arranjar um visto de residência em Portugal, é fácil...

Os partidos políticos estavam lá a receber Eduardo dos Santos no Parlamento. Todos, menos um.
O Bloco de Esquerda acusou o governo de Eduardo dos Santos de desrespeito pelos direitos humanos. O nosso compromisso à democracia, não deve permitir estes virar de olhos, só porque estamos em crise e precisamos desesperadamente de investimento seguro...

Depois de abandonar a Assembleia, uma comitiva de inúmeros bófias e "mercedões" conduziram o Presidente Angolano por Lisboa, causando o caos no trânsito.

Uns quantos lisboetas estiveram cerca de meia-hora parados, sem poderem seguir a sua vida de trabalho. Uma vida sem comitivas ou visitas de honra à Assembleia, sem grande tomadas de decisões sobre o futuro do país, que também é o deles.

Uma jornaleira andava por ali a entrevistar as pessoas que bufavam e buzinavam.
Ouviam-se queixas de que "não pode ser", "estou aqui há meia-hora", "nem sei o que se passa"...

Eu só conseguia pensar cá para mim: É a democracia, senhores! É a democracia...

E já que falamos em bonecos...

Esta semana há um outro boneco que está de parabéns.

Faz exactamente 5 meses que foi colocado à venda e promete daqui a uns anos tornar-se um objecto de culto tão precioso com a Barbie cinquentenária.

É nada mais nada menos do que o boneco de voodoo Sarkozy. Vi-o pela primeira vez à venda, mesmo aqui ao lado numa livraria especialista em objectos particulares.

O pack do boneco-voodoo Sarkozy traz 12 agulhas e um livro de instruções de uso.
As partes do corpo são delimitadas por frases e gaffes protagonizadas pelo Presidente:
"Travailler plus pour gagner plus" uma famosa frase de campanha ou "Casse-Toi pauvre con" uma palavra de ordem, idealizada depois de um homem se ter recusado a apertar-lhe a mão durante uma campanha de rua.

Sarkozy lançou mais um processo judicial, tentando proibir o boneco de ser vendido. Um tribunal ditou que "deve haver liberdade para o sentido de humor e para a diversão".

Contudo, a caixinha não deixa de ter um autocolante vermelhão a declarar que a compra e o consequente espeto do boneco do Presidente, representa um desrespeito pela imagem de Nicholas Sarkozy.

Falta saber se o autocolante também faz parte da piada!

Curious facts

Esta semana a boneca mais famosa do Mundo fez 50 anos.

É desculpa claro, para umas quantas reportagens sobre o quanto evoluiu a bonequinha Barbie. Ainda que deixem de fora os factos mais interessantes (como por exemplo que a sua imagem é baseada num cartoon de um jornal alemão, de uma "menina de programa") há uma coisa que sempre me pergunto:

Porque é que nas reportagens sobre a boneca mais sofisticada, bonita, chic e actual do Mundo, as suas coleccionadoras-freaks, mais parecem fãs do Shrek do que outra coisa?

Morte ao pequeno-alomoço

Eram 8 horas da manhã, 7 em Portugal. Entrava-se em contacto com a correspondente em Bissau, Marta Jorge. A jornaleira está dentro da casa de Nino Vieira a fazer uma espécie de reprodução dos momentos antes do assassinato do Presidente guineense.
Com a ajuda de um qualquer ferro, abre a janela do quarto para a sala, de onde o presidente alegadamente se rendeu; pega no colete anti-bala que foi obrigado a retirar e mostra-o à câmara; finalmente diz: "Depois o presidente foi colocado nesta cadeira e espancado violentamente..."

A câmara aponta para a cadeira e o que vemos - relembro às 7 da manhã portuguesas, hora a que muita gente está com metade da colher dos cereais na boca ou prestes a mandar a golada do café - é uma cadeira completamente ensanguentada e uma caçadeira no chão, mostrando a violência grosseira com que um ser humano deve ter sido espancado e morto à queima-roupa.

Um ser humano. Um chefe de Estado. O líder de um país-irmão dos portugueses. Nas notícias, desde de ontem, fala-se deste atropelo intolerável da democracia com mais um pequeno incidente diplomático que se resolverá "em dois meses com eleições... como manda a constituição!"