quinta-feira, 8 de março de 2007

E porque hoje é dia da Mulher...

Há coisa de um mês, em Espanha, famosa marca Dolce e Gabbanna, viu um anúncio seu ser banido dos outdoors desse país. Ao que parece as associações de defesa dos direitos das mulheres, via na imagem um incentivo à violência dos homens sobre as mulheres e a submissão pela força, como aceitável! Cá está o anúncio para que possam julgar por vocês mesmos:


Mas este caso não é único.
Um outro anúncio, da mesma marca, foi alvo de polémica, desta vez no Reino Unido.
O próximo anúncio recebeu nada mais, nada menos do que 157 queixas, nas quais se inclui a associação MAMAA (por mais curioso que possa parecer!LOL) Mothers Against Murder and Agression, mostrando a sua preocupação em como o anúncio incentiva e glorifica violência com facas no UK.
Uma outra queixa condenava a irresponsável e reprovável ligação feita pelo anúncio entre auto-mutilação e moda (????!!!!). E ainda que poderia ser responsável por encorajar auto-mutilação em jovens impressionáveis.
Mais uma vez, aqui fica o anúncio para que possam julgar por vocês mesmos:

Ora, anda este povo preocupado com estas obras de arte (sim, porque o são! E não se trata de gosto pessoal, mas do que está expresso na lei da protecção da fotografia) quando as verdadeiras imagens de incentivo à violência, de aceitação de discriminações, está presente todos os dias, em nas nossas têvês, nas folhas dos nossos jornais e revistas...Mas nós estamos já tão programados para as vermos como "imagens reais" que nem compreendemos o que isso significa. Querem ver?

Guerra:









Fome:








Miséria: (provocada pelas anteriores...)









Pura Obscenidade:










E porque hoje é dia da Mulher, vamos usá-lo para pensarmos e repensarmos a nossa forma de protestar. As razões dos nossos protestos. Quem sofre e quem faz sofrer.
As mulheres, os homens e sobretudo as crianças que todos os dias precisavam de ser homenageadas, pois o dia nasce e acaba sem que o sofrimento deles seja sequer mencionado.


13 comentários:

Anónimo disse...

por acaso acho ke os anuncios estão mt bem feitos, gosto de coisas arrojadas.. e esses nem são os piores ke eu já vi, recordo-me de uma campanha contra a sida ke tinha uma comparação com o 11/Set na medida ke a sida mata + .e todos os dias...enfim, pode ser questionavel mas o facto é ke surgem efeito.

anda pra aí mt gente maluca ke se pode sugestionar com certos anuncios, mas tb anda para aí mt gente sem nada pra fazer a não ser criticar o ke ker ke seja feito pelos outros.

concordo ctg! o nosso tempo devia ser gasto em coisas ke valem realmente a pena como o combate à miseria por ex.

DomingonoMundo disse...

O pior que pode acontecer, neste como noutros casos, é a instituição do politicamente correcto: pacifica consciências e deixa o assunto no silêncio da clandestinidade. Ainda por cima, apenas contribui para o fomento de polémicas das quais as marcas em questão só recolhem dividendos. É, realmente, a melhor maneira de prejudicar o combate à desigualdade!

Taxi Driver disse...

É isso Gala!
Obrigada pelas visitas. Também te tenho visitado, mas não consigo comentar... Vou tentando!

DomingoNoMundo, foi apenas um exemplo. Um exemplo de boa arte fotográfica...que causou polémica.

salomé disse...

Não que concorde com o “abate” dos anúncios (na verdade, não consigo formar uma opinião sobre este caso), mas acho que aqui se misturam coisas diferentes. A publicidade tem força no reforço da violência; os jornais também. Mas qual o meio que chega a mais gente? Para além disso, as imagens nos jornais são retratos da realidade que têm um efeito contrário, a meu ver, ao que referes. Chocam e, por isso, “combatem” essas situações. Já a publicidade, pelo facto de nos agradar visualmente, passa-nos uma mensagem quase “subliminar”. E quando não há consciência da influência, somos alvos fáceis e mais que prováveis reprodutores dessas mesmas mensagens. Parece-me que este caso (denúncia do observatório da mulher de Espanha) procura isso mesmo: chamar a atenção para situações silenciosas (silenciadas).

Não deixo, ainda assim, de concordar quando dizes que é preciso ponderar a forma e o objecto de protesto. Cai-se, facilmente, no fundamentalismo.

By the way (e agora é pura maldade) há um dia da criança… ;)

Capitão Merda disse...

Porra!
Não consigo aceder às imagens

Taxi Driver disse...

Já vi que a menina Salomé salta de unhas e dentes afiados a qualquer coisa relacionada com os direitos das mulheres e afins. Pode ser positivo, mas há que ter cuidado! Por vezes pode barrar a assimilação do que é mais importante.
Se pensas que os banhos de sangue que vemos diariamente na t.v. servem para "combater" alguma coisa, só se for a nossa sensibilidade ao terror e sofrimento do próximo. Fotos e imagens deploráveis que, nada mais são do que a procura do mais chocante e que represente maior lucro. A lei nem sequer lhes reconhece qualquer tipo de direitos de autor.
Já está na altura é para se reivindicar a protecção dos sofrimentos não-silenciosos. Mas sim, dos que são denunciados em altos berros, sem que ninguém os pareça escutar.
E by the way, esse Dia da Criança de que falas, não chega a todas... Exactamente como esse Dia da Mulher.

Taxi Driver disse...

Oh capitão, já o mesmo acontecer quando acedia ao blog noutro computador. Usa o Mozilla? Tente noutro browser.

Anónimo disse...

Também só consegui ver parte das imagens e ando com dificuldades em comentar.(?!) Fónix!Vai aqui uma confusão...mas pronto, acho que, quer o anfitrião quer a salome, já dizem mais do q muito! Estou com o essencial de cada um...há que gerir esforços no sentido de os tornar mais proveitosos e dar às questões a importância que elas têm!Woman power, a luta continua!!!;)

salomé disse...

Eu também salto de "unhas e dentes afiados" a qualquer coisa relacionada com a pobreza. Basta dizer que 70% dos pobres, em todo o mundo, são mulheres. ;)

estação terminal disse...

Acredito que a imagem já serviu o fim a que se propôs: publicitar uma marca, sendo que a fotografia original estava um pouco demarcada do objecto em si, neste caso a marca D&G. As pretensas queixas não fizeram mais do que consolidar a marca e aproximar os objectos fotografados do seu fim real.
Claro que isso acontece a curto prazo.
A longo prazo a história poderá ser outra:s e é uma obra de arte é discutível, no entanto, e por causa da ( mais uma vez pretensa) polémica, de certeza que vão figurar em qualquer retrospectiva avant garde que se faça no futuro sobre a moda. Isto acontece se de facto continuar a chocar, o que creio que não irá acontecer. É um bocado como o David La Chapelle com a modelo a esgichar leite de uma mama e a outra a beber (ah, infância longuinqua...). Alguém se lembra da marca? (não do leite mas das roupas).É assim a nossa cultura iconografica. O que choca hoje amanhã está nos livros como um standard. No fundo não há nenhuma ruptura, é uma espiral de samplagem.
Por outro lado aqui um grau de proximidade que não existe em fotos de guerra ou fome ou o que seja. Estas pessoas somos nós, tem o nosso comportamento, são um modelo do que vamos ser. Os putos de barriga grande e com moscas a volta são um cliché longinquo, a pose estilizada é a do "estado novo" ou "vinil" ( se estivermos em coimbra). As poses são as mesmas e muitas deles gostavam mesmo de brincar as meninas submissas :)
Afinal quem é que influência quem?
E afinal debatemos o quê?

Taxi Driver disse...

Menina Salomé, "saltar com unhas e dentes" a assuntos que nos tocam, só demonstra o quanto levamos as coisas a sério! Folgo em saber que és tão sensível à pobreza como és aos direitos das mulheres! :)

Lamento essa dificuldade em aceder às imagens, Sanchita! Estes blogs são uma merda, porque fartam-se de criar conflitos.
Mesmo assim, reforças o ideal deste post: Unir esforços para não perdermos rumo.

dm s.a., o que me salta como mais perigoso e que tento assinalar no texto, é precisamente esse fenómeno: o que nos choca hoje, não produzirá qualquer reacção amanhã. É o que acontece com as tais "imagens reais" da t.v. Por isso é que já vemos "os pretinhos gordos, com moscas à volta" como clichés.
E respondendo às questões finais:

Todos nos devemos influenciar (positivamente) uns aos outros e para debater, cá está o Yellow Cab. Como taxista que se preze, no meu beículo discute-se a sério!

Capitão Merda disse...

Caro Taxi:
Hoje visualizo as imagens na perfeição!
Os blogs, por vezes, constipam-se.
Cumprimentos

jg disse...

Não há pior forma de sensura do que quererem-nos impor o que devemos, ou não, ver.
Quando perder-mos a faculdade de seleccionar o que nos convem ou de ter opinião crítica sobre qualquer assunto, estaremos liquidados.
As mulheres que se façam homens, intelectualmente, e que se deixem de mariquices. Acho que elas ainda não perceberam que esta forma de protecção é uma tremenda falta de respeito para com elas.